Em que consiste uma sessão de análise? Quem faz análise? Como é feita? Para que? São questões que, se estamos em uma conversa entre colegas psicanalistas, não demandariam maiores explicações – e é justamente nessa hora que começam os “jargões, ou palavras mortas” e se instala a Babel entre os psicanalistas, pois existem tanto variações entre as chamadas “escolas” psicanalíticas, quanto entre os próprios psicanalistas.
Aconteceu!
“Visão Binocular” é um ciclo de eventos da Escola Paulista de Psicanálise, onde um integrante da Escola e um convidado tecem seus comentários a respeito de um determinado assunto, abrindo espaço para um proliferar de novas ideias, que podem ser colocadas em trânsito e pensadas por todos nós, mantendo o espírito de um não entendimento, posto que o entender colapsa as infinitas possibilidades do “infinito informe” (Milton).
Sempre acreditamos que entendemos o que um colega diz em um congresso de psicanálise quando escreve ou diz palavras como “inconsciente”, “psicanálise”, “tratamento”, como se fossem palavras que não demandassem um esclarecimento tanto para quem as emite quando para quem as recebem. Em termos conceituais, o “inconsciente freudiano”, é o mesmo trabalhado por M. Klein e Bion? E o que dizer da apreensão entre nós analistas de hoje, desses conceitos? O que queremos dizer quando dizemos “inconsciente”?
Como notamos e comunicamos para nós mesmos e aos nossos pares nossa experiência como psicanalista? Na esteira das descrições de casos clínicos do século XIX, Freud criou uma forma única de publicação até então: o caso clínico em psicanálise, acusado por alguns de se situar entre a descrição de um caso e o exercício da literatura. Melanie Klein seguiu essa forma de publicação, de uma forma a transformar o caso clínico em um modelo psicanalítico.
Literatura fantástica, literatura infantil, literatura. Alices e Clarices, Chapeleiros e Rainhas, Gato e Lagartas ... todos nos fornecem modelos para o exercício do nosso ofício diário que é a psicanálise. Estão por aí, dando voltas a nossa disposição. Sabemos como encontrar seus tons e tocá-los? Sabemos como nos apropriamos e improvisamos?
O que da teoria dos grandes autores da psicanálise vive em nós hoje? Qual é o lugar do analista praticante nessa relação com o legado que esses grandes autores nos deixaram? Como usamos esse legado? Deixamos espaço para o inédito? O inaudível? O incrível? O impensado? O impensável? Nós mesmos? O que virá depois?
Qual é a relevância da necessidade humana de estar no controle para uma discussão sobre padrões aleatórios? A questão é que se os eventos são aleatórios, nós não estamos no controle, e se estamos no controle dos eventos, eles não são aleatórios. Portanto, há um confronto fundamental entre nossa necessidade de sentir que estamos no controle e nossa capacidade de reconhecer a aleatoriedade. Leonard Mlodinow - Livro – O andar do bêbado