Por Fernando Alencastro
SQN são as inicias de "Só Que Não", uma expressão comum na internet, principalmente como hashtag em algumas redes sociais (#SQN). O usuário usa o #sqn para negar totalmente o que acabou de afirmar na sua publicação. Inicialmente, a hashtag #SQN começou a se popularizar no Twitter, sinalizando o tom irônico do tweet. Como dito, o objetivo é justamente dizer o contrário daquilo que o usuário verdadeiramente pensa.
O “só que não” pode ser aplicado à premissa de Freud em relação à histeria, posto que sua famosa Teoria da Sedução se consiste na afirmativa de que pacientes histéricos sempre teriam como causa desse histerismo a sexualidade. Foi à época uma teoria inovadora, que diferia das demais porque apresenta como novidade a sexualidade como causa exclusiva e única, portanto a própria etiologia da histeria.
Freud baseou sua teoria a partir de reportes de pacientes histéricas que teriam lhe feito relatos identificando como causa de sua histeria algum acontecimento relacionado à sexualidade. A comunidade cientifica e intelectual recebeu de forma muito duvidosa referida teoria.
Portanto, a base da teoria de Freud era de que os pacientes histéricos foram abusados sexualmente em sua infância. SQN Freud, pois o próprio reconheceu que a sexualidade de forma exclusiva não era a causa da histeria. O próprio autor da teoria reconheceu seu equivoco anos depois de lançada se dizendo “enganado pelas histéricas”.
O episodio da me faz inferir que Freud ao evoluir da hipnose para sugestão e depois livre associação e depois afirmar que os pacientes histéricos foram abusados em sua infância e depois se afirma enganado pelas histéricas, tudo isso aconteceu por teimosia de Freud em olhar a sua hipótese de fora pra dentro e não de dentro pra fora.
Freud teve algumas diretrizes e provavelmente generalizou hipóteses de pesquisa que lhe remeteram para uma proporcionalidade por amostragem suficiente para afirmar a etiologia única da histeria sendo a sexualidade. SQN de novo Freud.
Percebe-se o elemento teimosia na personalidade de Freud principalmente pelo largo período que leva para reconhecer o equivoco de sua teoria. Credito também a teimosia como fundamento do equivoco. Freud teimou em afirmar a sua teoria (olhou de fora pra dentro) ao querer afirmar. A teoria partiu de sua mente para o mundo e não pontualmente da observação à constatação.
Na minha percepção, Freud se desviou da observação e quis constatar sua teoria, daí dizer que ele olhou de fora (sua teoria) para dentro (a observação), o que provavelmente lhe levou ao equívoco, pois teimou em querer comprovar sua tese.
A teimosia é uma das características do signo solar astrológico de Freud, Touro.
A partir do reconhecimento pelo próprio Freud de seu equívoco, ainda que tardiamente, o episódio do equívoco da teoria da Sedução possibilita que o estudante de psicanálise possa fazer as leituras de Freud de forma isenta e justa, ou seja, sem considerá-lo um mito, ou uma pessoa que acertou sempre em suas teorias e tratados.
A importância de se ler Freud sem as amarras do compromisso com sua verdade absoluta ( coragem adquirida a partir do equivoco da TS) liberta seu leitor e estudioso, possibilitando percepções distintas da do Mestre em conclusões sobre a que teve no caso Dora, por exemplo, quando diversos leitores discordam da paixão dela identificada por ele ao senhor K.
Vida que segue. Freud avança para a fantasia histérica a partir de acontecimentos da infância e seus traumas. A reconstrução do passado de cada pessoa é algo bem complexo. Uma recordação com afeto pode ser muito eficaz principalmente se o paciente retrata o evento de forma detalhada.
Freud propõe então a teoria da Fantasia histérica, a partir da qual depois do recalcamento ocorre a instalação dos sintomas e então a criação das fantasias, que vem a ser uma ficção do que aconteceu ao paciente na sua infância.
A partir de agora, para Freud, existe uma ficção. E aqui o nobre mestre evoluiu em relação ao conceito anterior de que o conteúdo do que fora dito pelo paciente era a mais pura das verdades.
As ideias que se tornam patógenas preservam todo o seu frescor e força afetiva porque foi negado a elas o desgaste normal pela ab-reação e pela reprodução em estados de associação sem inibição.
Os estados hipnoides são graus diversos de organização psíquica e condição da histeria e disse também Freud que a hipnose é uma histeria artificial.
A relação do analista e do paciente passa a ser uma procura insistente do elemento patogênico x a expressão espontânea do paciente mediante o método da psicoterapia analítica que ocorre com o fenômeno da transferência.
A descoberta do mecanismo psíquico dos fenômenos histéricos leva a uma ação curativa pelo método psicoterapêutico. A questão foi muito bem elucidada quando da afirmativa de que “o trauma psíquico age à maneira de um corpo estranho expulso para fora do espaço da consciência”.
Este artigo apresenta uma versão com título em linguagem de whats upp, de forma singela e despretensiosa, a partir da Teoria da Sedução e sua etiologia da sexualidade - SQN Freud e se trata de um exercício de aprendizado (ou não) deste aluno sobre o tema proposto.