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EXISTO Existo antes mesmo de pensar

Existo antes mesmo de pensar

Por Rosângela Silva Caiçara

Penso, logo existo!  Nesta frase, ou podemos chamar de função, há um embate entre Descartes e Nietzsche sobre a ordem dos fatores. A partir de Bion com sua proposição sobre a teoria do pensar prefiro a função “Existo antes mesmo de pensar” e a ordem destes fatores vai depender do vértice que deixo a escolha de cada leitor. Para que exista o pensamento, Bion pressupõe que deva existir um aparelho capaz de pensar o pensamento e os pensamentos precedem o pensador. Isso mesmo há algo entre o existir e o pensar! 

Para Bion o inconsciente é incognoscível e, portanto o movimento do processo analítico se concentra em partir do consciente para o inconsciente.  Assim a consciência humana ganha uma dimensão muito maior propondo uma psicanálise do pensamento que vai na contramão do movimento proposto por Freud.  Para Freud um dos pontos centrais de sua teoria é o complexo de Édipo e ele cria todo um aparato de palavras e proposições que possam abarcar e fundamentar essa teoria. Esse seria um período onde a criança precisa aprender a conciliar a sua busca por satisfação e as exigências morais da sociedade. Esse processo resultaria na consolidação do aparelho psíquico, composto por três instâncias o Id, ego e superego.  O esforço do analista consiste, para Freud, em trazer do inconsciente para o consciente esses pensamentos e afetos que foram reprimidos durante Édipo, aliviando a pressão inconsciente que as insatisfações impõem.

Para Bion, a consciência para é binocular, ou seja, consegue perceber o consciente e o inconsciente ao mesmo tempo, um lado da consciência só percebe o consciente e o outro o inconsciente.  Assim a visão binocular dá aos indivíduos a capacidade de estabelecer confrontos e correlações entre distintos vértices de percepção, capacitando-o a passar de um ponto de vista a outro, ampliando as possibilidades do pensamento.

A experiência emocional é para Bion o que os cinco sentidos são para Freud. No processo de análise, a partir da exploração das falas do analisando, o analista deve lhe oferecer novas oportunidades de pensar, sonhar, sentir e viver novas experiências emocionais.  A experiência emocional é assim, fator condicionante para que o paciente possa aprender no setting terapêutico. A aprendizagem com a experiência emocional sejam elas boas ou ruins, possibilita um crescimento mental do analisando. Ajudá-lo a enfrentar e viver novas experiências, ainda que dolorosas, desenvolve sua capacidade de mudar sua realidade e aprender com ela.

Essa proposição automaticamente implica que o analisando deva ter um bom discernimento entre realidade interna e externa e consequentemente um bom funcionamento do processo de pensar. Assim o aparelho de pensar e o pensamento ganham destaque em Bion, em detrimento da teoria do Id, Ego e Superego de Freud. Para ajuda-lo a fundamentar suas ideias Bion se vale de concepções de Freud e Klein e de sua vasta experiência com psicóticos.

Em sua relação com a mãe (seio bom/seio mau) o bebê deve ser capaz de suportar as frustrações. A resiliência vai propiciar um desenvolvimento mental coerente tornando-o capaz de se relacionar com o mundo externo de forma satisfatória, ao mesmo tempo em que vai possibilitar um aparelho de pensar eficiente e consolidado. Por outro lado quando o bebê reage com ódio e inveja desmedida as frustrações, sua capacidade de resiliência fica comprometida, dificultando seu relacionamento com o ambiente externo e a realidade que o cerca.

Como o bebê sem resiliência faz um uso mais massivo das identificações projetivas, as funções do aparelho e do processo de pensar não se consolidam e ocorre uma cisão entre o mundo real e o psíquico, podendo levar o indivíduo a um estado psicótico.   Sem um equilíbrio sadio entre as posições esquizoparanóide e depressiva, os pensamentos serão mais difíceis de estruturar, podendo mesmo se desintegrar e serem projetados para fora. Ao superar as fases de depressão os pensamentos vão sofrendo sucessivas transformações e se aprimorando, podendo atingir um nível maior de abstração. Assim o indivíduo consegue atingir a formação de símbolos que substituem as perdas inevitáveis.

Assim ele apresenta a gênese, a evolução e propõe normalidades e patologias na função do pensar.  Antes do pensamento existiriam os proto pensamentos, impressões sensoriais e experiências emocionais primitivas, pensamentos vazios, pois estão em uma fase de pré-concepção e não foram preenchidos por uma realização.   Os proto pensamentos necessitam de condições mentais suficientes do aparelho para que a pessoa possa efetivamente pensar símbolos, imagens e palavras.

Os pensamentos podem resultar em elementos Alfa e Beta. Os Beta que são aqueles que não produzem sentido e por isso devem ser descartados.  Os elementos Alfa são utilizados para dar origem aos pensamentos conscientes, sendo também responsável por enviar ao inconsciente, coisas que não são necessárias e que poderiam sobrecarregar o aparelho. Também existem pensamentos que se formam a nossa revelia e que são relegados ao inconsciente.

Ao se expressar o analisando apresenta ao seu analista um material de análise que permite extrair uma grande quantidade abstrações e formas de pensar. Para Bion o material de análise é denominado de função e tudo que derivar dele, ou seja suas variáveis, são denominados fatores. Convém ressaltar que os fatores se relacionam entre si e podem inclusive resultar em novas funções.

As funções e seus fatores, são estruturados em conjunto pelo analista e analisando durante a análise. Exemplificando, diante da apresentação do analisando de seus pensamentos, gestos, palavras o analista deriva novos fatores que permanecem ligados a função principal, porém apresentam novos valores, sentidos e possibilita ao analisando novas formas de pensar e sentir. O papel do analista seria então de fomentar o pensar, ajudar o analisando a abstrair. É necessário assim evitar apresentar ao analisando interpretações muito concretas ou prematuras que o impeça de se aprofundar na experiência analítica. Neste sentido o analista é mais um provocador que um interpretador. 

O analista deve ser capaz de através das funções alfa apresentadas pelo analisando, abstrair novos elementos e pensamentos, liberando-o das pré-concepções ao qual estava apegado. Para esse trabalho é imprescindível que o analista seja capaz de atuar como continente, ou seja, de acolher e suportar as angústias do analisando. Diferente de Freud e demais teorias psicanalíticas, para Bion, os fatos apresentados pelo analisando (funções e fatores) não tem um significado fixo e constante. É necessário que seus elementos sejam repensados e fundamentados pela experiência individual de cada analisando no setting terapêutico.

Os conteúdos apresentados pelos analisando deve permitir novas realizações, ou seja, que a partir de um fato (função) possam ser geradas novas preconcepções e pensamentos (fatores) que possibilitem ao analisando atingir uma simbolização. A realização acontece quando uma experiência emocional traz a pessoa uma nova realidade. O objetivo de todo esse processo de análise seria provocar o que Bion chamou de transformações. É um fenômeno que permite ao analista e analisando adquirir novas formas de pensar mesmo que estas guardem algum grau de invariância, vestígios originais e imutáveis. Mas esse é um assunto para o próximo texto!

 

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