Por Jucimary Silveira
Já dizia Chacrinha o Velho Guerreiro: “Quem não se Comunica se Trumbica”
A comunicação é tida como um dos grandes motivos de desentendimento entre as pessoas; e deve ser mesmo.
Será que a gente simplifica demais a comunicação e simplificando a gente complica? Será que a gente pensa que comunicar é só falar?
Quem nunca ouviu a frase que diz: “Uma imagem fala mais que mil palavras.” Quem nunca saiu de fininho, depois daquela olhada de canto, lançada pelo pai, quando criança? Quem nunca pensou: “agora me lasquei”, quando a mãe chamou pelo nome completo? Quem nunca chorou com aquela música de arrepiar? Quem nunca sentiu a presença de alguém com o cheirinho do perfume dela? E aquela marca preferida, que a gente reconhece de longe, só pela logo? E o silêncio? Ah! Este também pode falar mais que mil palavras. Se prestarmos atenção, tudo, a todo o momento, nos comunica algo.
Mas a forma de comunicação que talvez nos traga mais confusão no dia a dia seja a fala.
Já percebeu que quando um bebê chora é a mãe quem lhe entende o choro? Que quando a criança começa a falar suas primeiras palavras, muitas vezes, precisamos da tradução dos pais para entendê-la? Parece que para se estabelecer uma comunicação é necessário mais do que simplesmente dizer e escutar.
Experimente explicar para uma pessoa que nunca, mas nunca mesmo comeu um doce, qual o sabor do doce. Será que você conseguirá fazer com que ela entenda?
Quando queremos nos comunicar com alguém precisamos levar em consideração que formulamos nossa fala de acordo com nossas experiências, com nosso arquivo pessoal; e vamos transmitir a alguém que tem suas próprias experiências e seu próprio arquivo. Será que no arquivo dela terão registros capazes de entender o que eu digo? E não é só isso, além dos arquivos existirem, há ainda que se levar em consideração a forma como eu combino os meus registros e a forma com a pessoa combina os dela também. Eu posso combinar leite condensado com chocolate e resultar em brigadeiro, talvez a mesma combinação para a pessoa seja uma mousse. Então nós temos os mesmos ingredientes, mas o como juntá-los é parte fundamental para o resultado final da receita. E dentro desse como ainda tem aquela pitada muito subjetiva, porque nem todos batem claras em neve e conseguem ponto de suspiro. Aqui estou mencionando sobre como eu falo (tom de voz, emoções, etc) e como a outra pessoa recebe.
Muitas vezes falamos achando que, para a pessoa que está ouvindo, é tão obvio quanto para nós, e nos chateamos quando ela nos retorna com um resultado que nos frustra. Nestas horas, antes de achar que a pessoa não quis fazer melhor, seria interessante levar em consideração que talvez ela não tenha conseguido entender efetivamente o que queríamos.
E aí, nos cabe um questionamento bem interessante: isso ocorre frequentemente comigo? Se sim, o que faz com que as pessoas não me perguntem sobre o que não entenderam e saiam com dúvidas? Será que é a forma como eu me coloco? Será que eu não estou precisando ser mais acessível? Simplificar a comunicação não no sentido de dar menos informações, mas no sentido de dar mais informações de mais fácil entendimento.
Talvez, uma boa pergunta seria: O que você entendeu do que eu disse? Mas, tenha paciência para explicar caso ela lhe responda com algo que não foi bem o que você quis dizer, caso contrário, nem pergunte, risos...
E na via contrária? Afinal, assim como precisamos nos fazer entender, e queremos ser entendidos; seria justo que estivéssemos prontos e receptivos a comunicação do outro. Na dúvida, porque não perguntar sobre o que a outra pessoa quis dizer. Ou: “foi isso que eu entendi, está correto?” pode ajudar a evitar conflitos de comunicação.
Já presenciei duas pessoas falando a mesma coisa e conseguindo discordar entre si. É pode ser estranho, mas acontece. Pensemos se já não passamos por isso também.
E nesta era de comunicação digital, comunicação virtual, sigamos nos comunicando cada vez mais, de preferência com mais entendimento, mais paciência e respeito às opiniões divergentes...Até Breve!