Por Marcelo Moya
Com o objetivo de orientar, direcionar ou inspecionar uma determinada função ou atividade, a supervisão é um processo bastante comum entre as relações de ensino e aprendizagem de ofícios e práticas que demandam foco em torno de manejos ou procedimentos de especificidade técnica.
Na tradição psicanalítica, a supervisão se tornou uma das bases do tripé de formação. Embora Freud trocasse correspondências com seus aprendizes para discutirem situações clínicas, o que se sabe é que foi no Instituto de Berlim que este formato se une à análise pessoal e conhecimentos teóricos, assumindo desde então um lugar elementar nas instituições transmissoras da psicanálise.
A caminhada do psicanalista normalmente é solitária e fonte de angústias, incertezas, questionamentos, saturações, inconsistências e equívocos que exigem manter o aprimoramento de suas ferramentas, certo grau de tolerância ao não-saber, capacidade continente e alguma segurança para seguir na tarefa.
Neste caso, estabelecer uma aliança com outro colega analista com certa experiência de saberes, vivência técnica e neutralidade, pode ajudar a preencher lacunas que somente o processo de análise pessoal e/ou conhecimentos conceituais não são capazes de suprirem no árduo ofício psicanalítico.
Numa parceria entre dois analistas é possível obter novos vértices de observação clínica para serem pensados e transformados, explorar dimensões inconscientes da relação analítica, fortalecer as bases e contornos do setting, ampliar hipóteses de trabalho e identificar potenciais elementos opositores e bastante comuns ao progresso de uma análise, entre outros.
Portanto, a supervisão individual é uma análise do analista e as relações com a sua técnica e clínica quando estas reivindicam um melhor refinamento e atenção instrumental, bem como de necessários ajustes frente a situações de maior impacto e densidade vivenciados no cotidiano do consultório.
Na EPP, além dos Processos de Supervisão já contemplados na formação, a saber, grupos de Fundamentação da Técnica, Notação e Exercícios da Clínica, alunos em estágio e membros do Instituto Ékatus também contam com a opção de analistas selecionados para oferecerem supervisão individual.
Marcelo Moya é psicanalista, membro do Instituto Ékatus e facilitador-supervisor no programa de Formação da EPP-Escola Paulista de Psicanálise.